Por que estudar a Bíblia?
Para não apenas ler, mas entender os textos bíblicos, poder fazer uma leitura reflexiva, crítica, fiel e evangelizadora. Estudar a Bíblia é importante, mas o que mais importa é a fé que opera através do amor.
A Bíblia é o livro do povo de Deus. Ela nasceu da memória do povo, de sua preocupação com o não esquecimento do passado. Nela temos a história de fé, de opressão e de luta do povo de Deus. Ela é inspirada pelo Espírito Santo. Ensina a escutar a Deus e a caminhar com Ele. Auxilia a descobrir a presença próxima, gratuita e misericordiosa do Pai e permite experimentar Seu amor que salva e consola. A Bíblia dá testemunho de Jesus Cristo sendo o fundamento da fé, da teologia e da espiritualidade dos cristãos. (Armando Noguez)
A Bíblia...
... é água - dá vida, fecunda, lava, refresca e purifica: "Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão".Is.55:10 e 11
... é luz - vence a escuridão e permite enxergar o caminho com clareza: "Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos, uma luz em meu caminho". Sl.118:105
... é espada - penetra nas profundezas da consciência para separar o bem do mal: "Porque a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração". Hb.4:12
Por que se escreveu a Bíblia?
Aprouve a Deus, em Sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e tornar conhecido o mistério de Sua vontade. Deus dispôs com suma benignidade que aquelas coisas que revelara para a salvação de todos os povos permanecessem sempre íntegras e fossem transmitidas a todas as gerações. (VaticanoII, Dei Verbum, n.2 e 7)
Tomai, enfim, o capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus
". Ef. 6: 16 e 17
O povo da Bíblia
GEOGRAFIA:
A região onde transcorre a maior parte da história bíblica é a Palestina. Na Bíblia, essa região se chama “Terra de Israel” ou “Terra de Canaã”. Limita-se ao Norte com o Líbano, ao Sul com a penísula do Sinai, a Este com a Jordânia e a Oeste com o Mar Mediterrâneo.
Nm.34:1-12: O Senhor disse a Moisés: “Eis uma ordem para os israelitas: quando entrardes na terra de Canaã, eis a terra que vos tocará como herança: a terra de Canaã, com estes limites: para o lado do meio-dia, vossa fronteira começará no deserto de Sin ao longo de Edom. Essa fronteira meridional partirá, ao oriente, da extremidade do mar Salgado e irá para o lado do meio-dia pela subida de Acrabim. Passará por Sin e chegará até o sul de Cades-Barne, de onde irá até Hatsar-Adar, estendendo-se para Asemon. De Asemon dirigir-se-á para a torrente do Egito, e terminará no mar. Vossa fronteira ocidental será o mar Grande, que fará o vosso limite ao ocidente. Eis vossa fronteira setentrional: partindo do mar Grande, tereis por limite o monte Hor; desde o monte Hor marcá-la-eis até a entrada de Hamat, terminando em Sedada; estender-se-á em seguida para Zefron até Hatsar-Enã. Este será o vosso limite setentrional. Para vossa fronteira oriental, marcareis uma linha de Hatsar-Enã a Sefão; descerá de Sefão a Rebla, ao oriente de Ain; depois, continuando, atingirá a praia oriental do mar de Ceneret, e enfim, descerá ao longo do Jordão, terminando no mar Salgado. Tal será a vossa terra em todo o perímetro de vossas fronteiras.”
A área divide-se em quatro faixas quase paralelas no sentido Norte-Sul. São elas: as planícies da costa mediterrânea; as montanhas da Palestina ou Cisjordânia; o vale ou depressão do Jordão e as montanhas da Transjordânia.
Quanto ao clima, na Palestina o ano divide-se em duas estações: o verão(de junho a setembro) quente e seco; e o inverno(de dezembro a março) frio e chuvoso.
Atenção! Para conhecer o que há de fundamental na geografia bíblica, é importante observar frequentemente os mapas das Bíblias e os atlas bíblicos. Deve-se ter uma idéia dos pontos importantes e das distâncias entre eles.
HISTÓRIA:
Em relação à antiguidade dos povos, como a China, a India ou o Egito, civilizados vários milênios antes de Cristo, o povo da Bíblia é relativamente novo.
O êxodo (século XIII a.C.) é o início e o acontecimento fundamental que deram origem à história de Israel; é também a chave teológica de sua história. Por volta do ano 931 as tribos do Norte se separaram, e a monarquia se dividiu em duas partes: o reino do Norte foi destruído em 722 e o reino do Sul sobreviveu até 586, data do exílio.
O exílio foi um desastre, porque o povo perdeu a terra, o templo e o rei. Não perdeu, porém, sua fé, mas a depurou. O desterro foi um período muito fecundo!
SOCIEDADE:
Para compreender melhor a Bíblia, devemos estudar a sociedade israelita, a maneira pela qual o povo se organizou coletivamente para sobreviver. É difícil conhecer o tipo de relações de produção e as condições das forças produtivas da formação social israelita ao longo de sua história. Eles viveram 2 modos de produção: tributário comunitário e escravista tributário.
O sistema tributário comunitário baseava-se na comunidade agrária, mas a terra era propriedade do Estado dominado pelo rei; o rei dava como concessão pelo pagamento de tributo. O modo de produção escravista tributário, prórprio da Grécia e de Roma, deu muita importância ao comércio, apoiava-se na força militar e se servia de trabalhadores escravizados para produzir. Também cobrava tributos.
CULTURA:
Como todos os povos, Israel também expressou sua identidade e seu projeto de vida por meio de sua linguagem, arte e religião; como também por meio de seus mitos, costumes, festas, códigos de honra. Consegue, assim, conservar, transmitir e perpetuar seu patrimônio cultural.
Muitos textos bíblicos tornaram-se claros mediante informações de caráter cultural sobre as relações familiares, a organização tribal, o matrimônio, a situação da mulher, a circuncisão, os escravos, o papel do rei, os juízes e tribunais, as diferenças entre o meio rural e o urbano, o exército e a guerra, a força da tradição, os santuários, os profetas e os carismáticos, o significado do templo de Jerusalém, as hierarquias sacerdotais, os rituais do sacrifício, as divisões do tempo e os calendários festivos, as regras da pureza, a sinagoga, o sábado etc.
Organização e divisão da Bíblia
Quais são as partes da Bíblia?
A Bíblia se divide em duas grandes partes: Antigo Testamento e Novo Testamento
A palavra “testamento” é derivada do latin “testamentum”, que traduz o grego “dia théke”, que corresponde ao hebraico “berit”. Refere-se a uma disposição legal ou aliança que alguém concede livremente em favor de outra pessoa.
O Novo Testamento, de forma alguma, suplanta o Antigo, mas o realiza, permanecendo em viva e perene relação com ele. O Novo Testamento não anula e nem substitui o Antigo Testamento. Os cristãos jamais deixam de ler as histórias do Antigo Testamento nem de orar por meio dos Salmos.
O Antigo Testamento contém as mensagens que Deus comunicou aos seres humanos por meio de Moisés, os profetas e os sábios. O Novo Testamento contém as mensagens que Deus comunicou à humanidade por meio de Seu Filho Jesus Cristo e dos apóstolos.
É o próprio Deus quem se maniesta e fala nos dois Testamentos, no entanto, o Novo está latente no Antigo e o Antigo se torna claro no Novo. No centro dos dois Testamentos, está Jesus Cristo. Sem o Antigo Testamento não poderíamos entender tudo o que significa Jesus para nossa vida e nossa fé. O próprio Deus acompanha e educa o povo de ambos os testamentos em seu processo de aprender a viver segundo Sua vontade.
Quanto livros tem a Bíblia?
A Bíblia é semelhante a uma pequena biblioteca com 73 livros. O Antigo Testamento consta de 46 e o Novo Testamento de 27. Há neles um único plano de salvação que se manifesta mais claramente à medida em que o Antigo passa a ser Novo. Respeitando a advertência de não lhe acrescentar nem tirar nada, a Igreja aceita a lista completa dos livros sagrados, íntegros e com todas as suas partes.
Por que em algumas bíblias faltam 7 livros?
Na época de Jesus, as comunidades judaicas liam a Bíblia em dois idiomas: hebraico, os judeus da Palestina e Grego, os judeus dispersos fora da Palestina (judeus da diáspora, que eram muitos).
A Bíblia em grego foi o texto mais usado pelas comunidades cristãs dos primeiros séculos e tem mais 7 livros do que a Bíblia em hebraico.
A tradição católica sempre seguiu a lista dos livros da Bíblia em grego e a tradição protestante preferiu a lista dos livros da Bíblia em hebraico.
Atenção: o livro dos Salmos costuma apresentar duas numerações: o número maior se toma da Bíblia em hebraico e o número menor, da Bíblia em grego.
O que são livros apócrifos?
Chamam-se “apócrifos” os escritos judaicos e cristãos que apresentam alguma semelhança com os livros da Bíblia, mas não foram introduzidos no Cânon.
Muitos desses livros foram escritos por grupos que se haviam separado da grande rede de comunidades cristãs. Não são inspirados e por isso não fazem parte da Bíblia.
Ao invés de “apócrifos”, muitos os chamam de “intertestamentários” (entre os dois testamentos). O período histórico bíblico que vai do século II a.C. ao século II d.C. é chamado de intertestamentário.
Os apócrifos não são livros bíblicos, mas ajudam a compreender a Bíblia. Alguns têm valor histórico e são testemunhos da tradição.
ANTIGO TESTAMENTO
Livro do Deuteronômio
Deuteronômio, uma cópia da Lei, uma segunda Lei. O livro relata de fato a segunda promulgação da Lei nas planícies de Moab.
O livro apresenta-se como um grande discurso de despedida pronunciado por Moisés pouco antes de morrer, no fim da travessia do deserto e às vésperas da conquista da Terra Prometida.
1 e 2 Samuel
e 1 e 2 Reis
Esses quatro
livros constituem uma unidade. Foram redigidos pelos historiadores que
redigiram também Josué e Juízes. Um indício aproximativo da data de composição
destes livros pode ser 561 aC.
O conjunto
Samuel-Reis é construído em torno do profeta Samuel, os reis Saul, Davi e
Salomão, e os sucessores destes, sempre em confronto com os profetas (Samuel,
Natã, Elias, Eliseu, Isaías e Jeremias) que os ladeiam como os “guardiães da
aliança”.
Deus fez com
Israel uma aliança e os profetas são guardiães desta aliança. Os reis, chamados
por Deus e intimamente unidos ao povo são responsáveis pela observância da
aliança; ae a observarem, reinarão paz e segurança. Dentre os reis, Davi é a
figura central: ele é pecador mas... fiel à aliança!
O livro de
Tobias foi escrito por volta de 200aC para os judeus que estavam fora da
Palestina e foi um livro muito popular entre os judeus no tempo de Jesus. É um
livro do gênero sapiencial e deve ser lido como tal. É uma história didática
que usa a vida familiar do velho Tobit e as “aventuras” do jovem Tobias para
ensinar o que significam, em diversas circunstâncias da vida, o temor de Deus,
a piedade, as boas obras, a justiça e a proteção de Deus para judeus fiéis no
meio do mundo pagão.
Livro dos Salmos
O livro dos Salmos é um conjunto de 150 poesias. No original hebraico, esse livro chama-se "Livro dos Hinos". O nome "Salmos" vem da tradução grega. A palavra grega psalmós, indica a música tocada num instrumento de cordas chamado psaltérion, semelhante à lira e usado no acompanhamento dos hinos. É bom ter sempre em mente que os Salmos foram feitos para serem cantados e não simplesmente rezados.
Os Salmos são um diálogo do povo de Deus do AT com aquEle que é seu libertador, criador, refúgio e proteção. E, foram compostos em diferentes épocas da história de Israel e por vários autores. Os principais autores seriam Davi com 73 salmos, Asaf com 12 e os filhos de Coré com 11.
Livro dos Provérbios
O livro dos Provérbios é uma obra didática, não se sabe quem a organizou. Salomão é apresentado como autor principal mas alguns trechos foram apenas copilados por ele. Podemos situar as raízes da obra no século 10aC.
É preciso discernimento para ler este livro. A interpretação exige prudência pois nem todos os provérbios podem valer como sabedoria cristã. Alguns exprimem um modo de ver que pertence ao Antigo Testamento e Jesus não estaria de acordo com um bom número deles, sobretudo não com aqueles que mostram preconceito e desprezo em relação às mulheres, aos estrangeiros, aos escravos, etc. e aqueles que ensinam a desejar vingança ou a não se comprometer para não sair prejudicado.
Em contrapartida, a sabedoria expressa no livro dos Provérbios é base para muitas exortações práticas das epístolas do Novo Testamento.
Profecia de
Daniel
O livro de
Daniel apresenta o profeta como contemporâneo dos reis babilônicos
Nabucodonosor II e seu filho Baltazar, e dos reis Ciro e Dario da Pérsia,
portanto, atuando praticamente de 600 a 500aC, o que parece improvável. Os
estudiosos datam o livro um pouco antes de 164aC. A obra se divide numa parte
narrativa que conta a vida de Daniel e seus companheiros, na corte do rei da
Babilônia e outra parte apocalíptica, narrando visões. Durante toda a leitura,
vemos a fidelidade aos Deus de Israel em contraposição à futilidade do sistema
babilônico e do sistema idólatra em geral. A mensagem final é a justiça de Deus
vencedora da hipocrisia.
NOVO TESTAMENTO
Os
Evangelhos constituem um documento inestimável sobre a vida e o ensinamento de
Jesus e, como cada autor teve seu ponto de vista, eles não são perfeitamente
concordantes. Os pontos de vista foram diferentes, mas a Igreja tem sempre vivo
o sentimento de que não houve jamais senão um Evangelho, uma só Boa Nova de
salvação, mas apresentada sob quatro formas distintas.
Evangelho
segundo Mateus
O Evangelho
de Mateus ocupa o primeiro lugar entre os evangelhos por ser o mais completo.
Composto conforme um plano bem claro, é o que melhor presta-se para a
catequese. Os capítulos 1 e 2 são uma narrativa teológica ensinando a origem de
Jesus, o Messias. Os capítulos de 3 a 13 mostram a expansiva atuação de Jesus
que nos mostra o Reino de Deus através das curas e do perdão e envia Seus
discípulos às ovelhas perdidas de Israel. Os capítulos a partir do 14,
descrevem o final da vida terrena de Jesus, Sua morte e ressurreição.
Evangelho segundo Lucas
O terceiro Evangelho foi escrito por Lucas, que escreveu também o Atos dos Apóstolos e foi companheiro de Paulo. Ele escreveu mais ou menos no mesmo tempo que Mateus, depois da destruição do Templo de Jerusalém (70dC). Lucas foi bastante original pois neste Evangelho encontramos muitas coisas que não se encontram nos outros. Lucas escreve uma história teológica: organiza os dados de maneira a transmitir a imagem de Cristo que só a fé pode conceber.
O grande tema do Evangelho de Lucas é: Jesus Cristo é o Salvador Divino. É Redentor para os judeus, para os samaritanos, para os pagãos, para os publicanos, pecadores e desprezados. Para os pobres e para os ricos.
Evangelho
segundo João
O Evangelho
de João deve ser apresentado à parte. Seu autor é o apóstolo João, irmão de
Tiago, filho de Zebedeu. Ele foi um dos mais íntimos discípulos de Jesus, a
quem o Salvador confiou o cuidado de Sua mãe no momento de Sua morte.
João compôs
seu evangelho nos últimos anos do primeiro século, mais de trinta anos após a
redação dos três primeiros. Ele não escreve para pagãos, mas para cristãos.
João conta não somente fatos, gestos e discursos de Jesus, mas fala-nos também
de sua experiência pessoal junto ao Mestre: ele nos diz o que Jesus é para o
crente.
Atos dos Apóstolos
O livro dos Atos dos Apóstolos é a continuação do Evangelho de Lucas, constituindo a segunda parte de sua obra. Narra a fase da história da salvação que se seguu a ressurreição e elevação de Jesus. O Evangelho narra a história da vida e atuação de Jesus; os Atos, aquilo que aconteceu depois: o anúncio da Palavra pelos discípulos, no início da Igreja, e a vida das Comunidades por eles fundadas.
Carta aos Romanos
A carta aos Romanos foi escrita pelo apóstolo Paulo durante a terceira viagem missionária, quando ele ficou três meses na Grécia (em Corinto).
Esta carta distingue-se das outras pois expõe uma questão teológico-pastoral: é pela fé, exclusivamente, que se alcança a amizade de Deus (a justificação). Paulo não rejeita, porém, a nova atuação que surge da fé e da graça e as obras do amor fraterno.
Paulo mostra que todos, pagãos e judeus, estão sob o pecado. Deus então mandou Seu Filho Jesus para salvar a todos. Vivemos, pois, uma vida nova, com Cristo morto e ressuscitado, no Espírito e conforme a lei do Espírito, ainda que em conflito com a "carne". Mas com Cristo, venceremos.
A paz com Deus depende da adesão eficaz a Jesus e ao seu caminho de vida. Jesus é o ponto de referência de Deus em nossa vida. Aos olhos de Deus temos valor se nossa vida, por mais limitada que seja, está em harmonia com Cristo. A justiça de Deus torna justo quem não o é, desde que, pela fé na graça manifestada em Cristo, a pessoa se entregue a Ele.
Com a vinda de Cristo, todos, judeus e pagãos, estão na mesma situação e recebem a certeza da salvação pela adesão a Cristo.
Salvação não é uma questão de cultura superior. Toda pessoa que adota o caminho de Cristo é salva, pela fé!
Carta aos Filipenses
Esta carta é dirigida aos cristãos de Filipos, primeira comunidade que Paulo fundou em terra européia, na 2ª viagem, por volta de 50dC. Ele é permeada de uma profunda alegria, que não desconhece o sofrimento pessoal nem o de Cristo, mas que brota da comunhão com Cristo, que se expande na comunidade e se traduz numa atitude de vida que conquista a todos.
Carta aos Colossenses
Esta carta deve ser situada certo tempo depois das grandes cartas, talvez durante o cativeiro em Cesaréia ou em Roma, por volta de 60dC. Paulo não era pessoalmente conhecido em Colossas, cidade na Ásia Menor (Turquia). A intenção da carta pode ser de proteger a comunidade contra pessoas que despezam a simplicidade do evangelho de Cristo e o complicam com especulações cósmicas e prescrições ascéticas, bem ao gosto de certa cultura helenista, talvez misturada com elementos da tradição judaica.
Primeira Carta aos Tessalonicenses
Esse é o mais antigo escrito do Novo Testamento. Paulo escreveu esta carta à igreja de Tessalônica, que ele fundou, acompanhado por Timóteo, na segunda viagem missionária, por volta de 50 dC. O desejo de Paulo ao escrever essa primeira carta foi unir-se com laços fortes à igreja que ele fundara. Exortou quanto à pureza moral, ao amor fraterno, à diligência ao trabalho diário e à vigilância. Paulo teve que seguir para Atenas e de lá, enviou Timóteo para ver como estava a jovem comunidade.
Primeira Carta a Timóteo
As cartas a Timóteo e a Tito têm em comum muitos traços que as distinguem das demais cartas paulinas. Combatem as falsas doutrinas e não se dirigem a comuidades, mas a pessoas individuais, colaboradores e sucessores em sua missão pastoral. Tudo indica que esta primeira carta a Timóteo foi escrita na macedônia em cerca de 63dC, durante o intervalo entre o primeiro e o segundo aprisionamento de Paulo em Roma. Paulo guardou (e fez frutificar) o que o Senhor glorioso o havia confiado e agora pede a Timóteo para guardar seu "testamento espiritual" do mesmo modo.
Segunda Carta a Timóteo
Essa segunda carta é a que mais merece o nome de "testamento espiritual" de Paulo, pois é nela que ele transmite o que lhe foi confiado ao jovem sucessor. Dá-lhe conselhos que são um retrato do "bom pastor" para aquela época - a terceira geração de cristãos, por volta de 80 dC.
Essa é a última das três epístolas pastorais. Respira uma atmosfera diferente das duas primeiras: em Tito e I Timóteo, Paulo estava livre para fazer planos e se locomover à vontade. Nesta epístola, entretanto, encontrava-se aprisionado aguardando sua execução.
Carta aos Hebreus
O escrito conhecido como Carta aos Hebreus, na realidade é uma homilia. Dirige-se a judeus convertidos, familiarizados com o culto e sacerdócio de Israel. A mensagem central é que agora temos um sacerdócio e um sacrifício melhores: Jesus Cristo, o qual se ofereceu a si mesmo, instaurando assim a Nova Aliança, que substitui e supera definitivamente a primeira Aliança que Deus fez com o povo de Israel.
A carta toda é uma leitura alegórica (alegoria é uma comparação muito elaborada) do Antigo Testamento. Nossa atenção deve parar não na imagem, mas naquilo que a imagem representa. O assunto não é o sacrifício, mas a vida e obra histórica de Jesus comparada com o sacerdócio, com o sacrifício, com as missões de Moisés e Aarão.
A alegoria mostra ora a semelhança, ora a diferença. A maior diferença é que Jesus não é um animal degolado e sim uma pessoa livre, que oferece a Deus tudo o que ela é e faz, para manifestar o amor de Deus a seus irmãos e os levar a uma vida nova, de uma vez para sempre. Jesus não é vítima de um sacrifício violento, para apaziguar um Deus vingativo, e sim sujeito da autodoação até a morte, para encarnar o amor libertador de Deus. Ele não foi apresentado para morrer, ele morreu porque se apresentou!
Este livro nos ensina um modo cristão de ler o Antigo Testamento, com liberdade, familiaridade e fidelidade criativa, dando um sentido mais profundo e pleno àquilo que as palavras antigas nos lembram.
Já no prólogo afirma o caráter definitivo do Filho. Ele está antes da história, na história, acima da história, é o alvo da história e o agente que produz a purificação dos pecados cometidos pelos homens na história.
Não se tem referência quanto ao autor da Carta aos Hebreus. O livro tem um estilo grego polido que não se assemelha ao estilo de Paulo. O autor usa vocabulário, argumentações e figuras de linguagem que não são característicos de Paulo. Alguns estudiosos apontam Apolo como autor. Ele era homem eloquente e erudito, poderoso nas Escrituras.
“Entrementes, um judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem eloqüente e muito versado nas Escrituras, chegou a Éfeso. Era instruído no caminho do Senhor, falava com fervor de espírito e ensinava com precisão a respeito de Jesus, embora conhecesse somente o batismo de João. Começou, pois, a falar na sinagoga com desassombro”.At 18,24-26a